COMO NOSSO CÉREBRO TOMA DECISÕES?



A região inferior do Cérebro é fundamental no processo de tomada de decisão. Umas das teorias mais influentes na atualidade sobre esse tema, a do marcador somático, foi elaborada pelo pesquisador português Antônio Damásio a partir da história do seu paciente Elliot, um jovem inteligente e bem sucedido profissionalmente. Já na sua lua de mel, Elliot começara a sentir fortes dores de cabeça. Os exames revelaram a existência de um meningeoma, um tumor benigno que comprimia a parte inferior do lobo frontal.
A cirurgia para remoção do tumor foi bem sucedida, mas a região inferior do cérebro foi danificada. Testes cognitivos realizados após a cirurgia não revelaram nenhum problema,  mas a partir da cirurgia, a vida de Elliot se transformou em um verdadeiro caos. Antes extremamente prático na hora de lidar com seu trabalho, agora ficava horas concentrado detalhes irrelevantes. Decisões simples, como marcar um encontro com um cliente, terminavam com a desistência deste último ante tantos prós e contras que Elliot encontrava para cada possibilidade de horários e local. Decidir tinha se tornado uma missão quase impossível.
Embora os testes psicológicos realizados até esse momento não tivessem indicado nenhuma anormalidade. Damásio notou o entrevistar Elliot que este reagia aos seus problemas como se fossem de uma pessoa à qual ele não dava a menor importância. Ao ser confrontado com imagens perturbadoras, como corpo mutilados, tabus sexuais, imagens de violência explícita, o que em pessoas normais provoca alterações físicas de origem emocional, Elliot permanecia sem evidenciar alteração nenhuma.
Para Damásio, ficava claro que a lesão no cérebro tinha danificado o centro que fornece o valor emocional do mundo que nos rodeia. É essa informação emocional que ao longo de nossa vida vai marcando as decisões boas e ruins que tomamos. Quando estamos para decidir entre diversas opções e uma dessas decisões já tomadas anteriormente reaparecer, sua 'marca' emocional nos leva a afastá-la ou encorajá-la, muitas vezes de forma não consciente. Assim, a decisão mais 'racional' e correta trabalham, juntas. a razão é guiada pela avaliação emocional da consequência de um ato, seja este falar, chamar um táxi, escrever um texto ou interpretar uma peça teatral. Finalmente, a área pré motora envia este programa motor para o córtex motor primário, o qual viabiliza a contração músculo a músculo, na sequência exata para conseguir o movimento previamente projetado.
Dito assim fácil, mas não o é. Apesar de termos um conhecimento aceitável sobre as atividades realizadas pelas áreas motoras do lobo frontal, casos clínicos mostram quão complexas são as alterações quando elas acometem o cérebro. Lesões na região lateral do cérebro causam alterações em funções psicológicas complexas, as quais são classificadas como funções executivas. Os pacientes demonstram dificuldades em planejar, avaliar, aprender, estabelecer sequência ou mudar respostas quando estas não são mais adequadas. Resulta impossível para eles organizar ações numa sequência temporal e avaliar seu desempenho 'na marcha'.
Já quando a lesão acomete a região inferior do cérebro, a que fica imediatamente acima das órbitas, os pacientes apresentam uma desinibição que varia desde uma falta de tato nas relações interpessoais até a realização de atos delitivos.
Escrito por: ROELF CRUZ RIZZOLO

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