OFICINA PSICOPEDAGÓGICA NO TRATAMENTO DO DEPENDENTE QUÍMICO.
INTRODUÇÃO
As intervenções na oficina psicopedagógica
com os dependentes químico em clínica de recuperação apontaram melhoras na
socialização e auto estima, auxiliando a manutenção da memória, raciocínio
lógico e outras áreas cerebrais afetadas pelo consumo de drogas e resgatando o
desejo pela leitura.
A oficina psicopedagógica tenta desenvolver as
possibilidades do indivíduo enquanto sujeitos da sua própria história, capazes
de mudar o seu destino com possibilidade de viver algo novo, através da
aprendizagem.
Somente em 2002, em concordância
com as recomendações da III- Conferência Nacional de Saúde Mental, que o
Ministério da saúde passou a implementar o Programa Nacional de Atenção
Comunitária integrada aos usuários de álcool e outras drogas, reconhecendo o
problema do uso prejudicial de substância como importante problema da saúde
pública e construindo uma política pública especifica para a atenção às pessoas
que fazem uso de álcool ou outras drogas mental, e tendo como estratégias a
ampliação do acesso ao tratamento, a compreensão integral e dinâmica do
problema, a promoção dos direitos e a abordagem de redução de danos (Brasil,
2005).
Participaram da oficina até o
momento 80 dependentes químicos na Clínica de Reabilitação Nova História,
situada em Embu-Guaçu na grande São Paulo, os dados foram coletados durante
seis sessões terapêutica, os resultados sugerem a modificação de determinadas
condutas que os dependentes químicos apresentam em clínica, como estresses e
falta de interesse por novas aprendizagens.
A oficina tem como uns dos
objetivos ajuda-los em sua recuperação, ressignificando não só vivencias
sofridas, mas também as relações de ensino – aprendizagem.
É nesse contexto que a pesquisa
sobre esse tema se justifica, na medida em que pode ampliar a compreensão sobre
como a intervenção da oficina psicopedagogógica pode favorecer a aprendizagem
no dependente químico.
Esta pesquisa teve como objetivo
principal dentro da oficina psicopedagógica fazer que o grupo mude suas
percepções, assuma a responsabilidade por suas experiências e principalmente
fazer o dependente químico sentir a arte e aprender novas atividades
psicopedagógica desenvolvidas como recursos de melhoras, com possibilidade de
se auto reconhecerem como seres pensantes e criativos, em que algum momento se
perdeu nas drogas.
Dentro da oficina não há
competições, mais sim o poder de desfrutar a alegria, abrindo espaço para que o
dependente químico se reencontre com sua capacidade pensante não só quando
produzem alguma atividade visível, mas também quando permanecem em silêncio e
até apáticos.
PROCEDIMENTO
Participaram desta pesquisa grupos de 26 internos, que atenderam os
seguintes critérios: idades entre 18anos e 58 anos de idade, apresentando
dificuldade de relacionamento, déficit de concentração e memorização.
Foram utilizadas seis sessões terapêuticas, realizada aos sábados no
horário das 10:00h às 12:00h, para coletas de dados, este estudo
caracterizou-se por ser de risco mínimo aos participantes, tendo seguindo os
preceitos éticos que regem a realização de pesquisas com seres humanos.
Inicialmente, foi solicitado aos participantes a ter conhecimento sobre a
biográfica e obras do artista Romero Britto, o objetivo é fazer uma reflexão da
vida sofrida do artista e o quanto ele conseguiu superar suas dificuldades
através da arte.
Romero Brito nasceu na periferia do Recife em 6 de outubro de 1963,
passou a se interessar pelas artes plásticas desde os oito anos de idade,
quando usava sucatas, papelões e jornais para exercitar sua criatividade. Eram
tempos de pobrezas e muitas limitações.
Começou vendendo suas produções nas ruas do Recife-PE, seu estilo Pop-Art.
é muito influenciado pela estética cubista, e tem Picasso como um grande
mestre.
Seu estilo vibrante e alegre, com cores fortes e impactantes fez com que
sua obra tivesse grande ligação com a publicidade, o artista já mostrou o seu
talento pintando para muitas celebridades.
Em seguida foram realizados pelos internos o desenho livre com objetivo
de expressar seus anseios e desejos, solicitei que ao terminar o desenho
fizessem uma reflexão sobre suas vidas.
Segunda Sessão: MOSAICO
Nesta sessão foi desenvolvido o mosaico, objetivo organizar suas emoções
e estrutura-los melhor.
Foram oferecidos desenhos impressos do artista Romero Britto para colarem
papel laminado picado por todo o mosaico, logo em seguida foi solicitado que
eles falassem do que sentiu ao realizar o trabalho e apreciar as demais produções.
Terceira Sessão: PINTURA COLETIVA
O objetivo é saber trabalhar em grupo, respeitar as vontades alheias,
interagir positivamente.
Dividi-los em dois grupos, cada grupo receberá um desenho do artista
Romero Britto riscado na folha inteira de papel paraná para pintar com tinta.
O grupo se organiza de forma como quiser e realizar a pintura, mantendo
as características do artista.
Depois de prontos os painéis ficarão expostos para decorar o ambiente da
clínica.
Quarta Sessão: Jogos – Damas, Xadrez e Cruzadinhas
Objetivo auxiliar a manutenção da memória, concentração e atenção.
Quinta Sessão: Mandala
Objetivo: Refletir sobre ações para solucionar o problema vivenciado em
questão.
Foram distribuídos o desenho da mandala para cada interno, solicitamos
que eles escrevessem nos espaços sobre os problemas que os afligem, em seguida
nova mandala para que eles escrevessem palavras de soluções.
Objetivo: Reprodução de si mesmo, fazendo emergir outra persona,
melhorando a socialização e atenção.
Em duplas, música suave no fundo, um aplicará sobre o rosto do outro
usando tiras de atadura gessada umedecidas, formando a máscara, depois o outro
quem faz.
Depois de secar, pintar com tinta da forma como cada um quiser.
CONCLUSÃO
Mais do que aprender a conhecer, a psicopedagogia nos ensina a aprender a
ser. (Lima,2003).
Deste modo o campo de estudo da psicopedagogia está focado no próprio ato
de aprender e ensinar, percebendo que é necessário considerar simultaneamente
aspectos da realidade interna e da realidade externa da aprendizagem, visando
compreender as dimensões sociais, subjetivas, afetivas e cognitivas que
interagem dialeticamente na constituição do sujeito que se movimenta na
complexidade inerente ao processo do conhecer (Weiss 2001).
Em toda a sua obra Alicia Fernandez (2001), destaca que é preciso, no
campo psicopedagógico sempre incorporar novos saberes e conhecimentos sobre a
inteligência, o corpo, o desejo e o organismo pelo fato de que estes são os
principais níveis imbricados no ato humano de aprender cada sujeito, em seus
processos de aprendências, possui sua própria modalidade de aprendizagem, o que
quer dizer que cada um, em sua individualidade possui suas próprias condições,
seus limites e meios para acessar conhecimentos e construir saberes.
Não podemos fazer pelos outros o que não fazem por si mesmo, portanto, a
oficina psicopedagógica tem como tarefa destravar as condições atual do depende
químico, favorecendo espaços próprios de autorizar-se a pensar e conseguir
sentir prazer, bem como sentirem-se vivo a partir desse trabalho consigo mesmo.
O dependente químico pensar, implica necessariamente, transforma-se,
quando ele diz “Eu penso”, estou dizendo que eu (dependente químico), estou
construindo algo novo.
A função do psicopedagogo dentro de oficina é ter o dependente químico
como um ser único e singular, e dentro do trabalho realizado notar suas
necessidades e auxilia-los e apoia-los.
Mais que uma simples oficina psicopedagógica os dependentes químicos
estão aí e devemos nos aproximar-nos do lugar deles para compreendê-los, para
adequar-nos às suas possibilidades, as suas necessidades e aos seus desejos
dentro da aprendizagem e criatividade.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à saúde. DAPE,
coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde
mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços
de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à saúde. Departamento
de Ações Programáticas Estratégias. Caminhos para uma política de saúde mental
infanto-juvenil/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à saúde,
Departamento de Ações Programáticas Estratégias. – 2.ed.rev. – Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2005.
LIMA, Tais Aparecida Costa. Aprender a conhecer: as bases epistemológicas
da Psicopedagogia. In PINTO, Maria Alice (org.). Psicopedagogia, diversas faces
múltiplas olhares. São Paulo: Editora Olho-d’água, 2003.
WEISS, Maria Lucia Lemme. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnostica.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
FERNANDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada. Abordagem Psicopedagógica
Clinica da Criança e sua Família. Trad. Iara Rodrigues. Porto Alegre: Artes
Médicas, 2008.
FERNANDEZ, Alicia O saber em jogo: a psicopedagogia possibilitando
autorias de pensamentos. Porto Alegre. Artmed, 2001.
FAGALI, Eloisa Quadros. Oficinas Psicopedagógica para o desenvolvimento
do raciocínio da sensibilidade e linguagem não verbal. Boletim da Associação
Brasileira de Psicopedagogia. São Paulo: {s.n.}, ano 6. N.14. dez.1987.
ALESSANDRINI, Cristina Dias. Oficina criativa e psicopedagógica. São
Paulo; Casa do Psicólogo, 1996.
FONSECA, Vitor. Modificabilidade Cognitiva, Abordagem neuropsicológica da
aprendizagem humana, São Paulo, Editora Salesiana, edição 2009.
Acesso no dia 05 de março de 2016, biografia Romero Britto; http://www.e-biografias.net/romero_britto/
Estou prestes a ajudar em casas de recuperação, achei bastante rica em em informação para melhor desempenhar o ensino-aprendizagem.
ResponderExcluirAmei o artigo! Como faço para falar com a pessoa que aplicou essas oficinas ?
ResponderExcluirInstagram : @lambiazi03
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