CRIMINALIDADE NO DIVÃ.em sua busca por si mesmo, o ser humano conquistou o privilégio de errar e trangredir, ir além e infringir suas leis.Neste contexto, o crime insurge apenas como um sintoma de uma patologia social.


Hélio Pellegrino, médico psiquiatra, psicanalistas, militante político e escritor, tras à consciência humana uma riquíssima contribuição em relação à criminalidade sob um enfoque psicanálitico. Inicia seu pensamento fazendo menção a Washington Luiz (1870-1975), que encarava a questão social como caso de polícia. Infere que felizmente o povo brasileiro adquiriu cultura, informação e educação. Isto é, ferramentas intelectuais para repensar esse equívoco. Entende a criminalidade como questões social, o crime está para a criminalidade assim como a doença isolada está para a epidemia.
Reflete que: "sempre haverá crime no mundo, porque o homem é, em seu eu, indeterminação e liberdade"(p1). Sentimentos esses misturados à busca constantes de novos desejos e ideiais. O animal, ser irracional, tem a seu favor a mémoria imemorial dos instintos, ele não procura, acha. Já o ser humano nasce livre e indeterminado, tem de buscar a si mesmo para achar-se e inventar-se, então, conquistamos o privilégio de errar, corremos o risco da trangressões, que se manifestada de maneira exarcerbada, origina o crime. Já a criminalidade é expressão e reação de uma patologia social; constitui um sintoma. Portanto, o combate o sintoma não remove a causa da doença.
Dessa forma, pode-se elucubrar de maneira paradigmática com um famoso caso do dr. Sigmund Freud, o da paciente Anna O. Ela sofria de uma estranha paralisia em seus membros inferiores, entre outros males que caracterizavam a histeria. Quem sabe outro médico se destinaria a remediar o sintoma com massagens, exercícios e remédios para os músculos, o que seria obsoleto, pois a paralisia era apenas um sintoma. Mas Dr. Freud se deteve nas causas da paralisia, por meio de sessões que já não utilizavam mais a hipnose e, sim, a catarse e o talking cure ou associação livre. Anna O. Lembrou-se de um trauma vivido que lhe fora recalcado, isto é, bloqueado na consciência pela força da resistência, pois a lembrança lhe trazia extremo desconforto ou culpa. No momento em que o material psíquico patogênico foi trazido à consciencia, Anna voltou a andar.
Fazendo esta associação, podemos carcterizar a criminalidade como uma forma de protesto, um sintoma gerado por uma patologia social. Em uma analogia: a criminalidade está para a patologia social assim como a paralisia está para a histeria.
Escrito por: Vanessa Cristina da Silva é psicologa, psicopedagoga.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O PODER MUDA AS PESSOAS.

CRACK E NEURÔNIOS.

OFICINA PSICOPEDAGÓGICA NO TRATAMENTO DO DEPENDENTE QUÍMICO.