Palestra sobre assédio moral lembra Dia Mundial das Vítimas de Aciente no Trabalho


Aberta para um público limite de 300 pessoas, a palestra " Assédio Moral no Trabalho - Consequências para a saúde e direitos dos trabalhadores" realizada na última terça-feira, reuniu estudantes de direito, sindicalistas e profissionais de diversas áreas. O evento promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Sintraf), em parceria com Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest-JF) e o Conselho Municipal de Saúde (CMS), fez menção ao Dia Mundial das Vítimas de Acidente do Trabalho, celebrado hoje, 28 de abril.  


De acordo com o palestrante convidado, o psicólogo Arthur Lobato, o reconhecimento do assédio moral é instrumento de defesa da classe trabalhadora. “ “Cabe a nós trabalhadores lutarmos contra o assédio moral através da ação sindical”, afirma o psicólogo e explica “A saúde e a dignidade humana estão garantidas na constituição, são direitos de cada um de nós. A pessoa que sofre o assédio fica desmotivada, passa a incorporar o discurso do agressor e acredita que realmente seja incompetente. “Com isso, perde a capacidade produtiva, não consegue trabalhar e cai em depressão”. Segundo o palestrante, entre as principais consequências do assédio estão a depressão, insônia, taquicardia, e perturbações gastro intestinais
Para a professora convidada Dra Margarida Barreto o assédio moral não é uma questão de personalidade. “Não há um indíviduo maléfico que queira derrotar a vida dos outros. A pessoa não nasce perversa, ela repete o tratamento que recebe” argumenta a palestrante. Segundo ela, o assédio moral não é uma doença, mas um processo de atitudes que irão encadear em uma doença.
Durante o evento, Margarida Barreto explica que o mundo do trabalho está mudando radicalmente nos últimos anos. Existe uma hegemonia na forma de pensar o mundo econômico, a organização do trabalho e os fatores psicosociais. Ao visar o lucro acima de tudo, as empresas cada vez mais prezam a quantidade de produção em detrimento da qualidade, com isso, elas tratam os trabalhadores como mercadoria. Se não incorporar o discurso da empresa, ele será expulso da mesma através do assédio moral.  
De acordo com a professora, existem várias formas de assédio moral, como por exemplo, exigir uma produção além da capacidade do trabalhador, colocar apelidos, punir aqueles que não atingirem determinada meta, não disponibilizar equipamentos ou materiais necessários para o exercício daquela função.
Ela afirma que no assédio moral há uma intencionalidade e uma sistematização dos atos, podendo acontecer com um indivíduo ou com o coletivo. As consequências, conforme Margarida Barreto, são graves, desde o mal estar, depressão, sindrome do pânico, podendo chegar até ao suicídio. “O suicídio causado pelo assédio moral é na verdade um assassinato corporativo” afirma a palestrante. “A pessoa que sofre o assédio reproduz a violência no ambiente familiar, no trânsito, se isola dos amigos. A repetição do assédio vai matando o trabalhador. A morte passa a ser imposta uma vez que o sistema não o reconhece como ser humano, como indivíduo”, completa.
Ao final, Margarida Barreto lembra que o Brasil é campeão no adoecimento pelo trabalho, ocupando o primeiro lugar no número de mortes, acidentes e doenças causados pelo descomprometimento das empresas com o bem estar dos funcionários.  

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