UM POSSÍVEL RUPTURA COM O ENSINO TRADICIONAL!


UMA POSSÍVEL RUPTURA COM O ENSINO TRADICIONAL

Desde que haja em algum lugar o sujeito suposto saber – que eu abreviei hoje no alto do quadro por S.s.S – há transferência. (LACAN, 1990: 221).

Para isso os quatro discursos de Lacan nos servem como uma alternativa de modificar o ensino-aprendizagem vigente, causando uma ruptura com o ensino tradicional e proporcionando ou insuflando no educando o desejo de aprender, modificando, desta forma, o pensamento do aluno e incentivando-o ao pensamento crítico. Nesta última parte do artigo estaremos nos baseando em Baldino (1994).

O primeiro de seus discursos diz que governar é impossível. Este é o discurso do mestre, o qual é o discurso que está presente no momento inaugural quando o professor apresenta ou deixa implícito o contrato de trabalho que define o regime de promoções: número de provas, livro texto, nota de aprovação, etc.

Seguindo, temos o discurso universitário que nos diz que educar é impossível. Neste discurso, o significante-mestre exerce sua função a partir da posição da verdade, ou seja, a autoridade magistral é o fundamento que precisa ser recalcado para que o saber possa exercer sua função na posição de agente. O professor aparece como prestidigitador do saber e se apresenta de preferência como cientista ou pesquisador. Esforça-se para pairar acima da autoridade magistral a que ele alude como burocracia sem importância; minimiza a discussão do contrato de trabalho e põe a promoção como conseqüência do saber adquirido.

Dando continuidade, temos o discurso do analista, que nos diz que analisar é impossível, já que marca o momento em que o professor começa a fazer aplicações da teoria dada e passa alguns exercícios para os alunos resolverem em aula. Marca também o momento da prova. A verdade desse momento é o saber organizado que, agora, não deve aparecer como tal, mas sim sob forma de uma intimidade do aluno com o objeto de conhecimento. É preciso que o exercício não seja, como costuma-se dizer, mera aplicação de fórmula, para que não se recaia no discurso do mestre.

Finalmente temos o discurso da histérica, o qual nos diz que fazer desejar é impossível. É um puro S1 que impõe ao aluno a demanda do Outro. A verdade recalcada é que o aluno precisa saber que ele precisa passar e automaticamente para isso precisa de uma nota, ou seja, se não há uma pressão não haverá o porquê de estudar e o porquê de “passar”. Dessa forma, o nível simbólico da transferência aparece, então, quando o professor, em vez de ocupar o lugar do sujeito-suposto-saber que o aluno lhe atribui, ocupa o lugar do Outro.

ONDE SE ESCONDE O DESEJO DE APRENDER DO ALUNO? 

Ayrton Rodrigues Reis

            Orion Penna e Souza

Educar está longe de ser aquilo pressuposto pelo processo de psicologização do cotidiano. A intervenção educativa, à diferença do adestramento capaz de desenvolver um savoir-faire natural, possibilita o desdobramento de um savoir-vivre artificial. (...) Em suma, educar é possibilitar uma filiação simbólica humanizante.
(LAJONQUIÈRE, 1999: 138).


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