“Fatorexia”: o gordo que se enxerga magro



Acostumada a se olhar no espelho e ver uma pessoa de peso ideal, a britânica Sara Bird, de 44 anos, descobriu há cinco anos que seu corpo não era exatamente como acreditava: numa visita ao médico, ela se assustou com a revelação de que estava obesa, pesando 30 quilos a mais do que imaginava. Sem saber como não havia percebido o tamanho real do seu corpo, ela resolveu nomear esta espécie de anorexia reversa como “fatorexia” (na tradução literal, “gordorexia”).
Em março deste ano, Bird lançou no Reino Unido o livro chamado “Fatorexia: What Do You See When You Look In The Mirror?” (na tradução literal para o português, “Gordorexia: O que Você Vê Quando se Olha no Espelho?”), em que conta sobre o seu suposto transtorno alimentar. “Quando eu me olhava no espelho, via uma pessoa confiante e magra, mas, na verdade, estava obesa”, conta a britânica em seu site . Antes de perceber que estava longe do peso ideal, Bird conta que costumava cortar as etiquetas de tamanho grande das roupas e fingia que não se alimentava excessivamente.
Quando subiu na balança e foi diagnosticada como obesa pelo médico, ela começou a correr atrás de informações que revelassem mais sobre a “fatorexia”. Bird iniciou, então, uma pesquisa de campo e encontrou outros indivíduos que passavam pelo mesmo sofrimento. “Concluí que, uma vez que você perdeu peso três ou quatro vezes na vida, você acaba ganhando mais peso no final de cada ciclo de emagrecimento. Neste momento, embora você continue gordo, acha que está magro e apresenta as características de uma anorexia invertida”, explicou ao site britânico DailyMail.co.uk.
Além de querer esclarecer a outros possíveis “gordoréxicos” sobre a suposta existência de tal distúrbio alimentar, Bird busca o reconhecimento médico do problema. Para Fábio Salzano, psiquiatra do Ambulatório de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo, pode ser que o distúrbio de Bird já seja reconhecido. “Indivíduos com Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP), que comem exageradamente sem tomar medidas compensatórias – como vômitos autoinduzidos –, normalmente são obesos e não se dão conta disso”, explica. Segundo Salzano, as vítimas deste transtorno comem muito, mas não percebem que ingerem uma qualidade anormal de alimento.
No entanto, não é que as pessoas com TCAP se veem magras a ponto de acharem que pesam 40 quilos quando pesam 90. De acordo com Salzano, as vítimas deste problema não se acham tão gordas quanto são e acreditam que pesam de 20 a 30 quilos menos do que pesam na realidade. Ele explica que existem diversas maneiras de avaliar a imagem corporal, e o caso de Bird também pode ser o de uma extrema distorção da imagem. “O número de pacientes com este problema não é grande, mas existem pessoas que tendem a minimizar a situação e não se acham tão obesas quanto são”, afirma.
Para Bird, descobrir que você é um “gordoréxico”, como ela apelidou o distúrbio, pode mudar sua vida. “Não porque existe uma fórmula contra isso, mas porque o reconhecimento desta condição pode prevenir o ganho de peso excessivo”, explicou ao Daily Mail.

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