COCO CHANEL, CAMILLE CLAUDEL E FRIDA KAHLO MULHERES INCRÍVEIS





No decorrer das pesquisas sobre as vidas de Camille Claudel, Coco Chanel e Frida Kahlo, naturalmente, surgiram possíveis paralelos Muitas experiências são comuns a todas as três, como o são também alguns dos artifícios que usaram para lidar com as adversidades. Porém, algumas diferenças significativas nos levam a refletir sobre os distintos caminhos que cada uma delas trilhou ao final de suas vidas.
Questões básicas nas historias das três artistas se repetem: todas mantiveram com suas mães vínculos frágeis. Por motivos distintos, quando bebês, não receberam de suas mães a acolhida necessária.
As três artistas percebiam suas irmãs como extremamente identificadas com suas mães, o que intensificava nelas a sensação de exclusão e abandono, sentimentos que marcaria para sempre suas vidas e suas obras.
As historias de Camille, Coco e Frida refletem seus esforços para seguirem por caminhos distintos dos quais forma trilhados por suas mães.
Elas se dedicaram a este objetivo de forma obcecada, com uma determinação comum aos atos de vinganças e às lutas pela sobrevivência.
Em busca da sobrevivência psíquica, elas se lançam avidamente em direção a seus pais, idealizando-os e forjando uma aparente ligação edípica. Consequentemente, em menor ou maior grau, as pequenas meninas novamente foram alvos de moções pulsionais intensas demais para seus imaturos aparelhos psíquicos.
Estas mulheres foram extremantes marcadas por experiências traumáticas precoces e continuadas e por idealizações e identificação com seus pais. Neste contexto, elas forjaram suas personalidades, repletas de contrastes e contradições. Tornaram-se mulheres apaixonadas e apaixonantes.
As três artistas se envolveram com homens que foram seus mestres e seus rivais, os quais influenciaram profundamente suas vidas. Auguste Rodin, Arthur Capel e Diego Rivera, cada um deles, teve uma percepção apurada e, antes eu a maioria das pessoas, observaram em Camille, Chanel e Frida talentos comuns aos gênios.
Elas foram aprendizes dedicadas e amantes apaixonadas. Com seus amantes, Camille, Chanel e Frida viveram de maneira instável, sofreram abandonos e traições.
Todas as três se aproximaram e, em medidas distintas, submeteram-se a estes homens incríveis, provavelmente nutriam a ilusão de que somente alguém poderoso poderia salvá-las.
Estas três mulheres criativas e apaixonantes desejaram muito ter filhos, mas nenhum delas conseguiu.
Camille, Chanel e Frida eram fascinadas pelo tema da morte. Camille e Chanel brincavam em cemitérios e conversavam com os mortos quando crianças. Frida adorava seu quarto com caveiras.
Estas três mulheres, com suas personalidades complexas e fascinantes, morreram em circunstâncias inquietantes.
Camille morreu esquecida num sanatório, onde viveu exilada por trinta anos, sem jamais voltar a esculpir. Coco Chanel, que viveu negando suas origens familiares, por fim, negou também sua pátria e exigiu não ser enterrada na França; seu túmulo esta  na Suíça.
É impossível sabermos até que ponto  a ausência atormentadora sentida por Camille "Há sempre algo de ausente que me atormenta" e a Frida "Eu sou a desintegração", Chanel " É possível morrer mais de uma vez na vida" forma os motores para suas criações. Porém, fica-nos a impressão de que, da luta por suportar as adversidades, foi-se criando algo extremamente genuíno: suas obras de artes. Criações que talvez não tenham sido suficiente para realmente confortá-las enquanto viveram, mas que fizeram delas maravilhosas mulheres imortais.
FONTE: Dossiê , escrito por José Outeiral, fabuloso sua análise sobre essas mulheres, Revista Psique n° 93

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