MASSIFICANDO A VIOLÊNCIA!



Em geral, a pessoa que sofre qualquer tipo de agressão encontra pelo caminho muitos sofrimentos que vão além da violência de fato. É o descaso, a falta de apoio, solidariedade e a desconfiança. Isso acontece porque a sociedade está se tornando individualista e insensível em relação ao assunto. As notícias sobre as atrocidades que acontecem diariamente já não nos chocam como antes e, a cada dia, o grau de brutalidade dos agressores é superado.
Podemos citar como exemplo o crime da mala, que causou grande comoção e ganhou destaque na imprensa do Brasil e do mundo em 1928, mas que se ocorrido hoje, talvez recebesse apenas uma pequena nota nos jornais. Já nos acostumamos com a brutalidade de filhos que assassinam os próprios pais, com pais que atentam contra os seus pequenos, com irmão que se destroem em troca de bens materiais, entre outros absurdos. Eventualmente um caso de brutalidade isolada nos deixa chocados e indignados, para depois ser esquecido.
A banalização da violência em programas televisivos com o intuito de causar comoção, expondo as mazelas de vidas miseráveis, em situações repletas de tragédias, já não causam mais reação alguma senão a diversão. Estamos acostumados a rir das desgraças alheias, retratadas de forma "comercial" pela mídia que busca apenas elevar os níveis de audiência.
Mas então, o que explica a manutenção desse tipo de programa? O que leva outras pessoas, que não aqueles que tem o sádico prazer em rir da desgraça alheias, a assistir a esse tipo de show de aberrações?
Segundo pesquisa encomendada por uma emissora de televisão, esses programas causam em seu público-alvo uma espécie de satisfação por conhecer histórias de vidas piores que as suas próprias. Ou seja, existe um 'consolo' em saber que existem pessoas em situações piores.
E  não é apenas em 'shows de aberrações' que a triste realidade brasileira causa risadas ao invés de choro. O retrato do caos urbano apresentado de forma simples e cruel em filmes como Tropa de elite também nos faz rir. A morte de jovens que poderiam ou não ser deliquentes como mostra o filme nos preocupar, mas o efeito não é bem esse. Ver a realidade das nossas cidades exposta ali nas telas causou a indignação a alguns poucos expectadores, enquanto muitos manifestam admiração pelo BOPE, batalhão da policia carioca retratado no filme como praticante de ações de extrema violência.
Nessa situação, muitas pessoas preferem culpar o governo pelo caos instalado. Mas será mesmo que as autoridades são as únicas responsáveis pelo crescimento desenfreado da violência nas cidades?
Será que as nossas atitudes egoístas e irracionais nada tem a ver com o aumento desse problema?
Não parece óbvio que, um jovem da favela que se sinta agredido moralmente por uma pessoa de classe média e queira retribuir a agressão de alguma forma? Da mesma forma, o agredido sente-se no direito de retribuir e procura as autoridades para consegui-lo. E então, forma-se um círculo vicioso de violência entre cidadão, marginal e polícia.
Escrito por Araceli Albino é graduada em Psicologia

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